Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Fui. Sou. Serei...

Pensamentos do (meu) mundo.

Fui. Sou. Serei...

Pensamentos do (meu) mundo.

20.Mai.23

Reviravolta

Francisco
Reflete-se em estilhaços de vidro quem se vê inteiro, aos bocados. São-lhe os olhos fragmentos da íris, qual vitral gótico antigo e arcaico. O escalpe, exibido como troféu à mente, vê-se tombado e pisado no chão. A boca torcida, (e as palavras dela vindo tortas) E as orelhas enfiadas nas costas escutando sons que já se ouviram E o nariz ao contrário, cheirando não a terra mas o céu.   Olha-se para dentro.   A cabeça a latejar obscuridades e putaria E o coração (...)
19.Mai.23

Fogo de Artificio

Francisco
Que febre que me arde pelas têmporas  Qual pirotecnia cerebral. E estronda, e arrebenta, E ouço risos de quem festeja A morte das estrelas pelo artificial.   Como os vejo correr, os mais novos desalmados atrás do fogo E como se queimam, ao aproximar as mãos à chama E como gritam e como eu os gosto de ouvir guinchar!   Vai o velho sacudir-lhes as cinzas dos corpos E vão eles junto das cinzas. O que me regozijo ao vê-los curvados e negros E vida a ir, como veio, num (...)
16.Mai.23

Congestão

Francisco
Oh lá! Como vão eles de narizes prostrados no ventre Olhando para coisa nenhuma que lhes brilha (n)os olhos!   E quantos não vão mortos, mesmo de olhos abertos E narizes empinados, escutando o vizinho Em confidência com a amante!   Fecha-se com um estrondo, e segue caminho Velha e ferrugenta gerigonça Transportando velhos e ferrugentos.   E eu vou dentro!   Roi-me a alma à mesquinhice. Rasgo a carne e esventro-me; Cai-me as tripas, esvaio sangue nas gentes!   Ainda (...)
05.Mai.23

Relógio de bolso

Francisco
Iluminada pelo brilho da lua A noite vê-se prolongada por mais umas horas. Em cima de uma mesa de cabeceira, Onde o luar penetrante rompe entre o tecido das cortinas E lhe faz presença, Está um relógio prateado revelando o tempo. Quatro e cinquenta Marcou ao ser levado ao bolso.   Entre a jaqueta operária  E um coração agitado, Deixa-se transportar aconchegada a prata. Nuns sapatos gastos mas de sola reforçada Apressa-se também quem o tempo carrega na algibeira. Ah (...)
27.Abr.23

Entre o sonho e a vida

Francisco
Gostava de não saber ler. Tão pouco conhecer uma língua e a escrever. Assim, para realmente viver, E o esplendor da vida (re)conhecer.   É engraçado, esta estória de querer, Faz-se-lo tanto sem nada temer, Não receando o fracasso ou o conceber: Na mente está tudo o que se quer...   Na poesia o homem é Deus. Criador de tudo, Observador de nada. Mais não é que a mão autora De um mundo que concebeu.   É tão simples, um risco desenhar, Uma palavra surgir; Um (...)
27.Abr.23

Agarrem-me palavras, para eu poder fugir

Francisco
Porquê, palavras. Porque não se agarram a mim? Porque me abandonam e deixam cá um motim? Foi algo que fiz, vos ofendi? Peço desculpa... Mas nem isso consigo pedir, sem vocês por aqui.   Preciso de vós, só mais uma vez... Uma única e deixo-vos a sós. E que sejam o que quiserem depois, Mas que sejam isto agora, E para sempre se moldem.   Só vos utilizo em indelicadas poesias, Em melódicas prosas, E vós teimando em ser mais! Mas porque tanto a mim me pedem E (...)
27.Abr.23

Fará a poesia um homem

Francisco
Fará a poesia um homem Erguer-se nos dois membros E gritar aos sete ventos Os seus sonhos que nas estrelas dormem?   Choverá tristemente o céu Aquando numa relação o amor termina, Ou associa o homem o breu À sua história, contada através de lágrimas derramadas numa infortuna página?   Correrão todos os rios vindos de imaculadas nascentes Por onde bebem os homens o seu engenho e arte? Se não, onde de imaginação se abastecem estes, navegando pujantes  Das (...)
27.Abr.23

Prisioneiro da liberdade

Francisco
Os ventos contorcem-se e brigam Qual tornado devastador Que me atormenta a alma.   Não se corre mais atrás do vento, Não se vive mais a sua brisa fresca. O vento é agora nosso inimigo Pois é visão de liberdade e essa não existe. Os tempos de infância perderam-se...   Chama-se hoje viver segurar num leme E seguir a corrente... Aprumar as velas a favor do vento e velar.   E eu? Que neste tornado me encontro, sigo-te Oh imparável?  Mesmo que quisesse, nunca (...)
27.Abr.23

Ramo de saudades

Francisco
Colhidas tenras do solo Trocam as raízes pela saudade, Vivendo da ternura Que o tempo não apaga de quem amou.   Não nos chegam apenas dos jardins  Delicados e doces perfumes, Ou arco íris de cores onde se fazem as flores Vestido para a Primavera.   Em sorrisos abertos, Envergonhados ou mesmo sem felicidade, A sua entrega guarda no tempo o momento Em que uma flor te encostou nos lábios Onde te viu o peito aberto e lá fez casa.   São elas lágrimas, ápices de (...)
31.Jan.23

Realidade

Francisco
Sentado numa esplanada observo em redor. Que há para ver? Nada.   Fito um copo cheio que me foi servido, Se tal pedi é me desconhecido. O conteúdo, contudo, deixa um travo que me é famoso; Sinto-lhe o veneno temporal, que, caindo-me no estômago Me interroga do passado...   O sol certamente expõe-se algures, São cinco horas da tarde (assim o relógio marca), Porém não se consegue avistar em qualquer lado; Tapa-lhe o brilho os prédios Que por mais altos não (...)