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Fui. Sou. Serei...

Pensamentos do (meu) mundo.

Fui. Sou. Serei...

Pensamentos do (meu) mundo.

12.Jul.25

Tomo a liberdade de ser mal educado

Francisco
  Tomo a liberdade de ser mal educado,  De adiantar-me num livro Abrir a boca e soltar um grito Sem pontuação.   Ignoro a dúvida Dando-me ao silêncio.  Questionar dá-me dores de cabeça. Podia entregar minha vida ao tempo  Mas já dele fiz parte.   Aprendi muito na minha ignorância,  Na passagem inglória da carne p'la terra, Na ausência da minha presença; Ser apenas - respirar, fazer assim parte.   Escrevo a minha realidade.  Não conheço o que é ficção 
09.Jul.25

...

Francisco
Faço crasso meu adentro Por um monte de palavras. Um punhado de memórias, Escrituras de coisas mortas.   Segura-me o passado Vindo da boca da saudade Tamanha amargura. --- Boca de lábios tenros E encarnados, Com neles ainda vida.   Tragam o beijo sem pudor! Permitem-me o toque na sua carne Deixai meus dedos escrevinhar Pelo que o peito acelera, Dai-me liberdade para amar.   Digam-me que são d'agora, Se querem meu nome Digam-no sem vergonha Mostrem-me, num encosto, (...)
06.Jul.25

Sou sem destino

Francisco
  Sou sem destino,  Ambulância sem rumo  De sirenes ligada.   Vou de urgência ao encontro De qualquer coisa pintada Não fosse minha alma Ansiosa p'la arte.   Busco o íntimo  O profundo e a cumplicidade, Sexo sem arreios Qual facas de saudades.   Tropeço, no entanto, na entrega Quando me rouba a palavra  O ato, quando se distancia o peito Por o que digo maldade; Esta frieza de meus dedos Que escrevem à paulada A sua mácula.    Estou cansado e não paro, (...)
03.Jul.25

Quero sair da boca do povo

Francisco
  Quero sair da boca do povo Quero chegar onde não fui Abraçar este silêncio profundo, Que alguém chegue e faça barulho.   Serei tudo quanto penso Força inerte do pensamento, De meus membros a força somente De escrever o que tenho dentro.   E em espírito, se a tal chegar, Minha alma alimentada d'este ar, Morrerei todos os dias Antes d'alguém me salvar.   Faço espera no leito d'este limbo Com receio nele tropeçar  Pois nasci para ser sozinho, Desde pequeno (...)
03.Jul.25

Então serei

Francisco
  Então serei, Desligado da saudade  Em quebranto, Longe da sensação  D'agora!   Não ouvem meu silêncio, Como podem... Existo para o exterior sem vida E julgam que morri.   Vivo a maior das ambições  Em que tudo por dentro me completa. O meu íntimo é profundo  Minha língua quem lhe dera. Não ouvem meu silêncio,  Como podem...   Demasiado tempo deixei passar Só para descobrir o que era o tempo. Hoje tenho-o nas mãos  E deixo-o passar, como é,  Po (...)
02.Jul.25

Fui na escrita crescido

Francisco
  Fui na escrita crescido Homem com pudor De jovem menino,  Sonhador sagaz Expoente de meu íntimo  Em tudo que minha mente aconteceu.    Cruzei a existência  Que a mim compete, Rabisquei nela  O que a cabeça escreve, Vivi para além de mim Uma outra vida, Não soube quem me era.   Tudo que amei Amei sozinho, Fui além da compreensão.  Senti tudo como bom menino,  Tanto a dúvida como a razão.  Criei uma voz que me agoira E toda a vez me dá a mão,  (...)
28.Jun.25

Não reconheço as palavras deste papel

Francisco
Não reconheço as palavras deste papel Minha alma fala agora, Sozinha sem mim. Encontrei na solidão o conflito Entre a existência e o seu significado. Abracei o desconhecido E a ele fiquei agarrado Meu propósito perdeu-se E eu, no mundo abandonado, Também de tudo me libertei. Virei a atenção para o subterrâneo, O morto na história E a vida cantada pela boca da sua laje, Oh! Como foi que morri! Abracei esqueletos e caveiras Canções de tempos antes da nascença Murmurei, (...)
20.Jun.25

Escrevo

Francisco
  Escrevo, Desenfreadamente  Sem escrúpulos, Sem nexo, Somente o que meu peito sente  E esse encolhe-se.   Amo-te! Oh, que bastava, Bastava sentir o que sinto Para mostrar tal amor!   O que me falta? Que neurótico minha cabeça me fez? Espinhos! Terei minha mão cravada Ou sou eu quem os ostenta; Porque magoo tanto...  Vem de dentro tão belo Porque é à superfície horripilante?   Dedicaria minha existência  A olhar para ti. Entregaria meu corpo Na (...)
06.Jun.25

Fui criança, um dia

Francisco
  Fui criança, um dia. Não mais choro, Não como criança perdida.   Encontrei o tempo, numa esquina, Apertámos a mão e ficámos amigos. Faz parte, e eu também,   Assim são as coisas da vida. Ao vê-lo afastar-se, desapegar-se E seguir, tornei-me melancólico.    Perdi madrugadas a pensar. Deixei de dormir a pensar. A vida passava e eu pensava,    O que há de ser de mim? Tinha-te a meu lado, julgava, E entreguei-to a ti.   Eram agora as minhas madrugadas (...)
03.Jun.25

Regai-me com a fome de querer mais

Francisco
  Regai-me com a fome de querer mais Pois se me forças o alimento à boca, Eu morro.   Não me sacies! Que meu estômago não conheça sua função,  Que minha língua não deguste O pecado, que não me tentes, Ó vida, com teu prazer, Deixai-me, eu aprenderei a morrer.   E na ausência, na distância do passado, Sorrirei.  Sorrirei por não precisar de nada. Mostrarei meus dentes ao adverso E à conquista, serei rio e pedra, Farei-me neste agora, No peixe que nada no rio (...)