Desapego
Vai, em que velocidade não sei,
Um passado corrido
Sem tempo para ser vivido;
Abraça o dia o desapego
E que quero eu, mais do que o dia?
Repito constantemente a fala
Em alegorias do sentir,
Ao natural prego reverência
Naturalmente que é amar
Como possuir vida em jeito de sopro.
O que sinto como homem
Talvez não exista ainda,
Minha expressão não caminha
Nem a reação esperada,
Por entendidos em sentir a humanidade,
Se revela clara;
Toma-se prestação de mentira!
Falso, meu silêncio navega
Entre a indecisão, carrega em segredo
O salva-vidas, desabotoa a vaidade
E liberta-se para poder sonhar;
Oh, meu filho!
Minha maior traição...
Et tu, divino?
Já sigo apagado
Despojado e ao chão atirado,
Minha memória coisa vaga
Que nada que outro venha e traga
Mas, enquanto existi,
Fui verdadeiro no meu sentir.
Se a vida perco e o travo deixo amargo,
Ou doce, ou nada de coisa nenhuma,
Fui sólido, depois fumo, depois memória,
E assim finjo que vivi.