Quero morrer à sombra
Quero morrer à sombra
Desta árvore.
O vento falar comigo
E eu sem lhe responder,
Eu ali, tronco seco.
Quero que este avião caia
Que me interrompe a Natureza!
Lá alto, bem alto,
Onde as aves não se atrevem.
Doi-me a cabeça.
É o tal avião que passa.
Quantos lá vão dentro?
Oh, passou, passou!
Voltam os galos e as cigarras.
Ah, sei bem o que quero.
Não se fala, não tem este perfume
De flor amarela que me faz companhia,
Não me dá encosto como esta árvore velha.
É silencioso e incorporal;
Um estilo indescritível.
Mas quero essa coisa
Como uma criança o seu consolo.
É o tal avião de gente
Que me julgam à janela
Quando são eles que ali estão presos.
Tiram-me o sono.
Sim, quero isso mesmo.
Quero que este avião caia
E que me silencie a cabeça!