Gostava de não saber ler.
Tão pouco conhecer uma língua e a escrever.
Assim, para realmente viver,
E o esplendor da vida (re)conhecer.
É engraçado, esta estória de querer,
Faz-se-lo tanto sem nada temer,
Não receando o fracasso ou o conceber:
Na mente está tudo o que se quer...
Na poesia o homem é Deus.
Criador de tudo,
Observador de nada.
Mais não é que a mão autora
De um mundo que concebeu.
É tão simples, um risco desenhar,
Uma palavra surgir;
Um (...)
Porquê, palavras. Porque não se agarram a mim?
Porque me abandonam e deixam cá um motim?
Foi algo que fiz, vos ofendi?
Peço desculpa...
Mas nem isso consigo pedir, sem vocês por aqui.
Preciso de vós, só mais uma vez...
Uma única e deixo-vos a sós.
E que sejam o que quiserem depois,
Mas que sejam isto agora,
E para sempre se moldem.
Só vos utilizo em indelicadas poesias,
Em melódicas prosas,
E vós teimando em ser mais!
Mas porque tanto a mim me pedem
E (...)
Fará a poesia um homem
Erguer-se nos dois membros
E gritar aos sete ventos
Os seus sonhos que nas estrelas dormem?
Choverá tristemente o céu
Aquando numa relação o amor termina,
Ou associa o homem o breu
À sua história, contada através de lágrimas derramadas numa infortuna página?
Correrão todos os rios vindos de imaculadas nascentes
Por onde bebem os homens o seu engenho e arte?
Se não, onde de imaginação se abastecem estes, navegando pujantes
Das (...)
Os ventos contorcem-se e brigam
Qual tornado devastador
Que me atormenta a alma.
Não se corre mais atrás do vento,
Não se vive mais a sua brisa fresca.
O vento é agora nosso inimigo
Pois é visão de liberdade e essa não existe.
Os tempos de infância perderam-se...
Chama-se hoje viver segurar num leme
E seguir a corrente...
Aprumar as velas a favor do vento e velar.
E eu? Que neste tornado me encontro, sigo-te
Oh imparável?
Mesmo que quisesse, nunca (...)
Surgem-lhes, nas falanges dos dedos
Onde se vê cosida a sua identidade
Pigmentos férteis de cor reflexa a seus olhos
Absorvidos pela superfície branca que estes acariciam.
Tragado o sonho como bom licor,
Lambe-se em devaneios e espasmos
Lábios que não proferem o quão doce sentem tal bebida.
Ebriedade absoluta com que cambaleiam o corpo
As mãos e a pena
De olhar fixo em ponto algum
Numa imagem deveras impressionante!
Refugiam o pensamento em papel desbotado,
(Vítim (...)
Vão-se tempos embora,
Fechando de rompante a porta
Atrás de si.
Seguem de passo apressado,
Não pela chuva, vento ou nada
Pois observo-os pela janela escondido pelo cortinado;
Esqueceram-se de mim.
O quanto estremece aquela casa com a brusquidão das suas partidas,
Deixando todos os presentes encolhidos, sem saber de si.
- Vou-me embora? Perguntam-se.
Todos ficam quando na despedida de alguém
Fazendo as malas no dia seguinte, indo-se também.
As aguarelas dos (...)