Gostava de não saber ler.
Tão pouco conhecer uma língua e a escrever.
Assim, para realmente viver,
E o esplendor da vida (re)conhecer.
É engraçado, esta estória de querer,
Faz-se-lo tanto sem nada temer,
Não receando o fracasso ou o conceber:
Na mente está tudo o que se quer...
Na poesia o homem é Deus.
Criador de tudo,
Observador de nada.
Mais não é que a mão autora
De um mundo que concebeu.
É tão simples, um risco desenhar,
Uma palavra surgir;
Um (...)
Os ventos contorcem-se e brigam
Qual tornado devastador
Que me atormenta a alma.
Não se corre mais atrás do vento,
Não se vive mais a sua brisa fresca.
O vento é agora nosso inimigo
Pois é visão de liberdade e essa não existe.
Os tempos de infância perderam-se...
Chama-se hoje viver segurar num leme
E seguir a corrente...
Aprumar as velas a favor do vento e velar.
E eu? Que neste tornado me encontro, sigo-te
Oh imparável?
Mesmo que quisesse, nunca (...)
Sentado numa esplanada observo em redor.
Que há para ver?
Nada.
Fito um copo cheio que me foi servido,
Se tal pedi é me desconhecido.
O conteúdo, contudo, deixa um travo que me é famoso;
Sinto-lhe o veneno temporal, que, caindo-me no estômago
Me interroga do passado...
O sol certamente expõe-se algures,
São cinco horas da tarde (assim o relógio marca),
Porém não se consegue avistar em qualquer lado;
Tapa-lhe o brilho os prédios
Que por mais altos não (...)